Antes de qualquer coisa, é muito importante desmistificar a inovação. Não é preciso investir rios de dinheiro para fazer uma ideia inovadora acontecer, nem ter a tecnologia mais completa pra ver uma boa solução de pé. Inovar, na sua essência, nada mais é do que resolver algum problema real para alguém, de uma maneira diferente e que gere valor. Essa é a melhor forma que encontrei para tangibilizar essa palavra tão importante.
"Mas, Nath! Quem vê essa definição acha que é fácil inovar, né?"
Eu sei que fazer a inovação acontecer é pra lá de complexo. Hackathons, laboratórios de inovação, conexão com startups e infinitas sessões de ideação parecem não ser suficientes para fazer com que as iniciativas de inovação funcionem de verdade dentro das organizações - e não são. Isso porque, durante o percurso, existem algumas barreiras que vão dificultando esse processo. É sobre elas que falo nesse artigo, trazendo também uma visão de como o design thinking pode ajudar a nos livrar de algumas amarras.
Barreira 1: A maioria dos humanos é movida pelo medo do erro.
Crescemos acreditando que nossas falhas serão sempre seguidas de punição: quando crianças, quebrar algo era sinônimo de bronca, errar em uma prova é motivo de reprovação. Na adolescência, não passar no vestibular é um ótimo motivo para sentir culpa e vergonha. Quando adultos, uma falha no trabalho pode até nos fazer questionar a nossa capacidade, minar nossa performance ou, em casos extremos, nos levar à demissão.
Diante desse contexto, preferimos previnir os erros do que aproveitar grandes oportunidades, causando uma paralisia pelo medo do fracasso. Mas deixa eu te contar uma coisa: não existe inovação sem ação.
-> Tá, mas e o Design Thinking com isso?
As ferramentas e dinâmicas que tangibilizam a essência do Design Thinking fornecem um ambiente seguro para que as pessoas conheçam o problema e seus usuários de forma profunda e projetem soluções que realmente façam sentido para eles, sem medo de errar. Isso porque, entendemos que o erro faz parte do processo do Design e nos dá oportunidade de entender melhor nosso usuário e iterar a nossa solução.
Nas experimentações de Design Thinking da weme, nós começamos a criar esse ambiente seguro de uma maneira muito simples: antes da fase da ideação, nós realizamos um warm-up (uma dinâmica para aquecer) e, toda vez que alguém erra durante dinâmica, as pessoas devem comemorar. É claro, isso é simbólico e parece tolo, mas depois da primeira comemoração as pessoas se sentem mil vezes mais confortáveis e seguras para expor suas ideias sem medo - além de ser divertido e leve.
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Barreira 2: Dados são ótimos e ajudam muito, mas só se você não os enxergar através das suas próprias lentes.
Quando precisamos conhecer nossos clientes, a pesquisa é uma das primeiras coisas que nos vem à mente: alguém analisa os dados coletados sobre o comportamento atual dos clientes e faz inferências das suas necessidades a partir disso. Quanto melhores os dados, melhores são as inferências. O problema é que isso faz com que as pessoas se baseiem nas necessidades já articuladas que os dados refletem e não reconhecem necessidades que as pessoas não expressaram.
-> Tá, mas e o Design Thinking com isso?
O Design Thinking trás uma perspectiva diferente: identifica as necessidades dos clientes vivenciando suas experiências.
Na empatia, fase inicial do Design Thinking, é possível não só ouvir histórias inspiradoras que revelam o modo como as pessoas fazem as coisas, suas necessidades físicas e emocionais e o que é realmente importante pra elas, mas também observá-las. Analisar o que as pessoas fazem e como elas interagem com o ambiente revela o que elas pensam e sentem e é através dessa observação que somos capazes de capturar as necessidades que elas não expressam na fala.
Unir a observação com o o ato de ouvir nos ajuda a gerar insights sobre as experiências e, por consequência, soluções mais assertivas e inovadoras.

Barreira 3. Restrições impostas pelo status quo.
"Não acho que isso dará certo, porque foge totalmente do que estamos acostumados. Por aqui, as coisas já acontecem de uma certa forma e precisamos seguir à risca".
"Já tentamos isso e não deu certo".
Você já ouviu algo parecido? É exatamente esse tipo de postura que mitiga a inovação e fecha as portas para oportunidades de soluções incríveis.
Geralmente quando as pessoas vão resolver algum tipo de desafio elas pensam, em primeiro lugar, na viabilidade das ideias (técnica ou financeira) e deixam de fora àquelas que não se encaixam dentro disso. Mas a verdade é que, as ideias tidas como "malucas" são as mais criativas e, consequentemente, mais inovadoras.
→ Tá, mas e o Design Thinking com isso?
Se tudo fosse possível, o que o Design Thinking poderia fazer?
O Design Thinking foca nas possibilidades ao invés das restrições impostas pelo status quo. Isso ajuda diversas equipes a terem discussões mais colaborativas e criativas sobre os critérios de design ou o conjunto de características-chave que uma inovação ideal deve ter.
É por isso que nos projetos de Design Thinking, durante a fase da ideação, implementamos os chamados constrants (ou restrições) que ajudam a condicionar o cérebro a pensar em algo novo. Um exemplo: gerar soluções que envolvam apenas magia ou tecnologias que ainda não existem.

Barreira 4: O apego ao perfecionismo.
Quando criamos uma nova solução para um problema e estamos certos de que ela será ótima, é comum fazermos de tudo para lançarmos sua melhor versão rapidamente no mercado. O problema é que, ao fazer isso, perdemos as experiências iterativas dos usuários e seus preciosos feedbacks.
Além disso, corremos o risco de investir muito dinheiro para deixar a solução perfeita, mas que pode falhar sob a perspetiva dos usuários.
→ Tá, mas e o Design Thinking com isso?
O Design Thinking exige a criação de protótipos: artefatos básicos, de baixo custo e baixa fidelidade que irão permitir a realização de testes e iterações de uma solução, antes de ser aperfeiçoada e lançada no mercado. O que esses artefatos perdem em fidelidade, ganham em flexibilidade, porque podem ser facilmente alterados em resposta ao que é aprendido, expondo os usuários a eles.
Prototipar e testar uma ideia logo no início é um caminho de construir a solução junto com o usuário e ajustar a rota de desenvolvimento para um caminho mais assertivo conforme se caminha - minimizando, com isso, os riscos do projeto.

Ao longo do caminho, os "pensamentos de design" neutralizam os preconceitos humanos que impedem a criatividade e diminuem o medo de errar. Durante o processo, o Design Thinking enfatiza o engajamento, a colaboração, o diálogo e o aprendizado e, ao envolver clientes e outras partes interessadas na definição do problema e no desenvolvimento de soluções, garante um amplo compromisso com a mudança.
Veja como a Starrett aplicou o Design Thinking para a criação de um novo produto clicando aqui :)
Referências
https://hbr.org/2018/09/why-design-thinking-works
https://www.forbes.com/sites/tendayiviki/2018/02/28/why-innovation-fails/#66d9f33280be
https://hbr.org/2008/09/making-operational-innovation?autocomplete=true